Em julho de 2025, o Japão anunciou um feito tecnológico impressionante: o novo recorde mundial de velocidade de transmissão de dados por internet, atingindo 402 terabits por segundo (Tbps). A marca, alcançada por pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação (NICT), mais que dobra o recorde anterior, e promete abrir novas possibilidades em conectividade, processamento de dados e infraestrutura digital no mundo todo.
Mas o que essa velocidade realmente representa? E quais os impactos práticos para saúde, educação, negócios e o uso cotidiano da tecnologia? Neste artigo, vamos explorar os bastidores dessa conquista, os avanços técnicos por trás dela e os cenários que ela pode transformar.
O que significa 402 Tbps na prática
Para começar, é importante contextualizar. Um único terabit por segundo equivale a 1.000 gigabits por segundo. Isso significa que, em teoria, uma rede com 402 Tbps poderia transmitir cerca de 50 mil filmes em resolução 4K ao mesmo tempo.
Esse número é 1,6 vezes mais rápido do que o recorde anterior, também estabelecido por japoneses em 2022, que era de 240 Tbps. Em comparação, a média de velocidade de internet no Brasil gira em torno de 100 a 200 megabits por segundo (Mbps), o que coloca essa nova marca em outro patamar.
Como o recorde foi alcançado
A façanha foi possível graças a uma série de avanços técnicos em óptica e engenharia de transmissão. O time do NICT utilizou cabo de fibra óptica com 38 núcleos (fibras internas responsáveis por transportar luz), distribuídos em quatro camadas. Para efeito de comparação, um cabo de fibra comum utilizado em residências tem apenas um núcleo.
Essa estrutura permitiu enviar dados simultaneamente por dezenas de canais, como se fossem “pistas” em uma estrada digital de altíssima capacidade.
Além disso, os pesquisadores exploraram técnicas de multiplexação (uso de múltiplos comprimentos de onda de luz em um mesmo fio) e modulação avançada de sinais ópticos, garantindo integridade e velocidade mesmo em grandes distâncias.
O teste foi feito ao longo de 50 km de cabo, o que reforça sua viabilidade para aplicações práticas, como uso em grandes cidades, centros de dados e infraestruturas críticas.
Aplicações em setores estratégicos
1. Saúde e medicina digital
Com velocidades dessa magnitude, a transferência de imagens médicas em altíssima definição, como tomografias e exames genéticos, pode ser quase instantânea. Em cirurgias remotas ou atendimentos a distância, isso pode representar agilidade, precisão e vidas salvas.
2. Educação e pesquisa científica
Plataformas de ensino imersivo e simulações científicas complexas exigem largura de banda extrema. A internet em 402 Tbps possibilita ambientes interativos com realidade aumentada, troca massiva de dados e até experiências laboratoriais remotas.
3. Indústria e cidades inteligentes
No setor industrial, sensores de fábricas inteligentes, veículos autônomos e redes de IoT (Internet das Coisas) demandam alta velocidade e baixa latência. Esse avanço pode integrar milhões de dispositivos simultaneamente, otimizando a produção e a logística.
Já em cidades inteligentes, a coleta e análise de dados em tempo real para segurança, transporte e energia se tornam ainda mais viáveis.
4. Economia e data centers
Empresas que operam com dados massivos, como plataformas de streaming, bancos, bolsas de valores e redes sociais, serão beneficiadas com conexões quase instantâneas entre servidores, facilitando o escalonamento e a eficiência das operações.
Desafios para adoção global
Apesar do impacto positivo, existem barreiras técnicas e econômicas para essa tecnologia se tornar acessível:
Infraestrutura antiga: grande parte dos países ainda utiliza cabos de cobre ou fibras ópticas com baixa capacidade. Atualizar redes inteiras exige investimento pesado.
Custo de implementação: equipamentos de ponta, como lasers de alta precisão, módulos ópticos e infraestrutura de modulação, ainda têm custos elevados.
Desigualdade digital: o risco é aprofundar a diferença entre países ricos e pobres, aumentando o abismo de acesso à tecnologia.
Segurança e regulação: quanto mais dados trafegam, maior o desafio de garantir proteção contra vazamentos, ataques cibernéticos e abusos governamentais.
Japão como líder em inovação tecnológica
O Japão vem se consolidando há décadas como referência em telecomunicações, semicondutores e tecnologias ópticas. O novo recorde reforça essa posição, ao mesmo tempo que pressiona outras potências — como China, Estados Unidos e União Europeia — a acelerarem seus próprios avanços.
A liderança japonesa nesse campo também inspira parcerias com empresas privadas, universidades e startups, fomentando um ecossistema de inovação global.
E os usuários comuns, o que ganham com isso?
Ainda que o recorde não vá refletir de forma imediata nas conexões domésticas, ele pavimenta o caminho para uma internet mais rápida, estável e acessível nos próximos anos.
Os resultados podem incluir:
Streaming sem buffering em altíssima resolução
Jogos online ultra responsivos
Expansão do trabalho remoto com ambientes 3D colaborativos
Mais conectividade nas áreas rurais e remotas
Avanços em IA e computação em nuvem para o dia a dia
Conclusão: o futuro da internet chegou, mas precisa ser bem distribuído
O feito japonês de quebrar o recorde mundial com 402 Tbps não é apenas um número técnico. Ele representa um salto de possibilidades para a sociedade conectada.
No entanto, a inovação precisa vir acompanhada de políticas públicas, investimentos em infraestrutura e inclusão digital para que esse progresso beneficie a todos — e não apenas uma minoria hiperconectada.